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domingo, 27 de setembro de 2015

História de vida de lutador de Limeira poderia virar filme


Uma história de vida que poderia muito bem virar um filme e dos bons. Até chegar ao título mundial de Muay Thai, em Bangcoc, na Tailândia e se tornar um dos melhores lutadores (peso pena) de MMA do Brasil, Guilherme Faria de Souza passou por várias provações.

Nascido em São Paulo, Guilherme veio para Limeira aos 8 anos. Seus pais Gerson Faria de Souza e Fanir Faria de Souza, que trabalhavam com enfermagem, se aposentaram e decidiram procurar uma cidade no interior paulista que fosse mais calma, sem o agito da capital.

Eles queriam tranquilidade para curtir a aposentadoria. Como tinham amigos em comum em Limeira, o local escolhido foi aqui.

Porém quem mais teve problemas de adaptação foi o próprio Guilherme. Magro, negro, tímido, com miopia e usando o chamado "óculos de fundo de garrafa", Faria rapidamente virou o alvo predileto dos alunos da escola Ataliba Nogueira, no Cecap.

Faria conta que diariamente enfrentava problemas na escola.

"Era zoado pelos colegas, recebia tapas na cabeça, empurrões e tinha meu material escolar danificado. Eu aguentei muito, mas precisava dar um basta. Foi então que reagi contra um dos garotos e o empurrei. Mal sabia que na saída eu levasse uma grande surra desse menino", confidenciou.

Machucado e assustado, Faria, que na época tinha 9 anos de idade, afirmou que não contou o episódio para os pais, até por se sentir envergonhado.

"Fiquei uma semana sem ir a escola. Não me conformava por ter apanhado desse jeito. Até hoje quando fecho os olhos me lembro da briga e do nome dele. Mas talvez se não tivesse levado essa surra, hoje eu não seria um lutador de ponta", frisou.

Academia

Na semana da surra, Guilherme Faria contou que pegou a lista telefônica e começou a procurar uma academia.

"A primeira que achei foi a Tigers, na Avenida Campinas, do Neto Ximenez. Duro foi convencer meu pai que meu objetivo era lutar e não jogar futebol. Comecei a praticar o karatê com o professor Carlos Roberto. Na verdade eu queria treinar para bater naquele moleque da escola. Eu só pensava nele, dia e noite", lembrou.

Sua vontade e dedicação aos treinos era tão grande, que o professor decidiu perguntar os motivos a Guilherme.

"Ele queria saber porque eu batia tão forte no saco. Quando expliquei que era pela agressão que sofri na escola, ele decidiu conversar comigo demoradamente. Me mostrou que esse não era o caminho e que na verdade eu tinha que aprender a me defender e não bater. Foi difícil aceitar no começo, mas vi que ele tinha razão. Para você ter uma ideia, fui desclassificado do meu primeiro campeonato de karatê por excesso de violência contra meu adversário", sorriu.

Depois de três anos, a academia fechou. Mas Faria queria continuar nas artes marciais. Foi então que passou a praticar o muay thai, graças ao amigo Richard Martins, hoje proprietário da Iron Body Nutrition, que o indicou ao professor Wagner Mercuri.

A carreira de Guilherme Faria começou a crescer a partir daí. Mesmo com 17 anos, começou a lutar profissionalmente. Foram mais de 60 lutas amadoras, tendo nocautes impressionantes. Seu talento chamou a atenção da forte Team Nicolai, pioneira em São Paulo, que o convidou para fazer parte da equipe.

Ápice

O ponto alto de sua carreira foi em 2014, quando defendeu o Brasil no Mundial de Muay Thai em Bangcoc, na Tailândia, conquistando o título na categoria peso pena.

"Lutei cinco rounds de três minutos e ganhei por pontos. Derrubei meu oponente duas vezes", ressaltou.

Antes de chegar ao Mundial, Faria conquistou o Campeonato Brasileiro de 2009, em Bragança Paulista. Em seu currículo na modalidade constam 20 lutas, sendo 15 vitórias e 5 derrotas (três delas quando ainda tinha 17 anos). Oito nocautes foram com a mão esquerda, que não é sua boa.

Após assinar contrato com o empresário paranaense Stefano Sartori, Guilherme foi convidado a lutar no XFC, em São Paulo, evento transmitido ao vivo pelo Esporte Interativo e que passa nos Estados Unidos.

Faria, que tem como preparador físico o profissional Márcio Mecatti, aceitou o desafio e na final mandou um cruzado de esquerda no lutador Missael Silva, do Corinthians, o nocauteando no primeiro assalto. Além da vitória, o limeirense quebrou a mandíbula do rival em dois lugares. Sua vitória foi repercutida inclusive no UFC.

Proprietário da Academia Faria Fight, na Avenida Fabrício Vampré, 949 (3702-3722), Guilherme Faria, de 24 anos (22/09/1991), planeja voos mais altos, como quem sabe lutar no Bellator.

Para isso, deve embarcar em breve para os Estados Unidos para treinar na Academia Black House, com Anderson Silva e Lyoto Machida.

"Em junho passei um período lá. Valeu muito a pena. Retornei bem mais preparado ao Brasil e o resultado veio no XFC", frisou.

Preparação

Para se ter uma ideia de como é difícil a vida de um lutador, Guilherme Faria precisou perder 12 quilos para lutar no XFC. "Durante um mês cortei gordura, fritura e refrigerante. Basicamente tomava vitaminas e comia salada com frango.

A pior parte é perder peso na sauna e na banheira quente com sal grosso e álcool. Mas conto com a orientação do especialista Bernardo Maia, de Indaiatuba, que cuida do meu preparo", contou. Faria conta com o apoio do Nosso Boteco, I9 Uniformes e Bordados e Iron Body.

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