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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Betão Alcântara diz que não fica na Inter por dinheiro nenhum


Agora é oficial. Betão Alcântara não é mais técnico da Internacional. Ele terá uma reunião esta semana com a diretoria alvinegra, mas vai comunicar a sua saída. Sua decisão é definitiva.

"Quem sabe no futuro eu retorne ao Limeirão, mas nesse momento eu estou me desligando. Por dinheiro nenhum eu fico aqui, nem ganhando três vezes mais. Gostaria de agradecer à todos pela confiança em meu trabalho, pelo respeito comigo, porém meu ciclo está encerrado", afirmou.

Com propostas para comandar uma equipe na Série B do Campeonato Brasileiro e uma na Copa Paulista, Betão disse que não tem pressa e que, no máximo em dez dias, deve acertar seu futuro.

Ponderado e firme em suas palavras, Betão preferiu não se expor muito. Apenas disse que "tem muita coisa errada na Internacional e que pelas dificuldades que enfrentou, a Inter até que fez um bom papel, chegando na última rodada do quadrangular final com chances de subir.

Pingue Pongue:

Gazeta - Você deixa a Inter com o sentimento de dever cumprido?
Betão - Deixo a Inter com a consciência tranquila por tudo o que fiz. Isso que me conforta. Trabalhei muito. Me dediquei ao máximo. Mas enfrentamos muitas dificuldades. Óbviamente que gostaria de levar a Inter à Série A-2, era meu sonho, mas pelo que passamos não tinha como. Não tiro em nenhum momento a minha responsabilidade e nem dos jogadores. Mas tem muita coisa errada, que atrapalhou demais a nossa caminhada.

Gazeta - E seu relacionamento com o presidente Altair Bueno?
Betão - Respeito o Altair. Sei que ele não tem maldade no coração, porém é mais torcedor do que dirigente. Faltou experiência para ele lidar com algumas situações. Ele ouvia muito as pessoas de fora do Limeirão. Ás vezes duvidava até do nosso trabalho. Até os jogadores ficaram chateados com essa situação. As redes sociais atrapalharam muito também no andamento da máquina. Existia muita comparação com o Independente. Eu sempre afirmava que não deveríamos nos preocupar com nosso vizinho, mas tudo girava em torno se o Galo ganhava ou perdia. Assim fica difícil. Você acaba não cuidando do seu próprio time.

Gazeta - Você perdeu o controle do elenco na reta final?
Betão - De jeito nenhum. Ninguém conhecia o elenco da Inter melhor do que eu. Via a imprensa criticando a improvisação do Murilo Henrique como volante. Ele foi bem demais na posição. Me criticaram que saquei o Felipe no meio do campeonato, mas ele é muito instável. Sabia que ele poderia nos deixar na mão nos momentos decisivos. Prova disso é que foi expulso em Votuporanga aos 25 minutos do 1º tempo. Eu tinha o controle de tudo e só queria encontrar a melhor solução para a Inter. Não tivemos um jogador decisivo na A-3. O que mais se aproximava era o Léo Gonçalves e perdemos ele no quadrangular final por uma lesão. Aí ficou ainda mais difícil.

Gazeta - Os reforços que chegaram por último te decepcionaram?
Betão - Dos quatro, o Carlão foi o que mais correspondeu as minhas expectativas. É um xerife nato. Nosso problema não era defensivo. O meia Marcelinho se destacou no Rio Claro, mas aqui não produziu. Já o Evandro não se adaptou. E olha que é um jogador que vários times de Goiás querem, mas aqui foi mal. Foi o que teve a imagem mais arranhada, infelizmente. Conversei com ele sobre isso. Já o Danilo Pereira estava com a gente desde o início e uma contusão no joelho o atrapalhou.

Gazeta - Do elenco que você formou na Inter, quem trabalharia com você novamente?
Betão - O Nunes pra mim está entre os três melhores goleiros da A-3. O Rodrigão, o Carlão e o Murilo Henrique são firmes na zaga. O Boré precisa ser um pouco mais lapdado. Ele bem trabalhado estará em uma equipe grande em breve. O Geovane não aparece tanto para a torcida, mas é fundamental para qualquer equipe. Está em todos os lugares. O Léo Gonçalves oscilou bastante, mas é diferenciado. Já o Pablo poderia ser o nosso diferencial, mas foi bem aquém da Copa Paulista. Esses jogadores sempre vão me interessar.

Gazeta - O que faltou para a Inter subir?
Betão - Sem dúvida alguma, alguém para colocar a bola para dentro do gol. Sempre faço as estatísticas dos jogos. Tenho todos os escaltes. Nossa média foi de 10 finalizações por jogo e de 13 jogadas de linha de fundo. Faltava a definição.

Gazeta - Em que momento você sentiu a queda de produção da Inter?
Betão - Foi a partir da derrota para o Nacional, no Limeirão, por 3 a 2. Vencíamos por 2 a 1 até os 40 minutos do 2º tempo, quando tomamos a virada. O elenco se abateu demais e sentiu a derrota. Parece que toda aquela confiança do início do campeonato foi embora. Foi difícil retomar o nosso ritmo.

Gazeta - A arbitragem prejudicou a Inter no quadrangular final?
Betão - Com certeza. Na estreia contra o Votuporanguense por exemplo, empatávamos por 1 a 1 quando o Danilo Pereira sofreu um pênalti escandaloso, absurdo. O árbitro não marcou. Se tivéssemos vencido na estreia, a história seria outra. No próprio jogo contra o Juventus na penúltima rodada, o lance que originou o gol do adversário saiu de uma falta não marcada no Lucas Vilella. E naquele momento a gente estava em cima, perto de fazer o gol. O próprio Pablo perdeu um gol feito minutos antes.

Gazeta - Se a Inter tivesse caído no outro grupo, subiria?
Betão - Acredito que sim. Vencemos o Taubaté, o Atibaia e o Primavera e empatamos com o Barretos na estreia. Nossa chance seria bem maior. No nosso grupo tínhamos dois times bastante entrosados e com torcidas inflamadas. Até nisso demos azar.

Gazeta - A torcida da Inter tirou sua tranquilidade durante a A-3?
Betão - Apenas aquela meia dúzia de gato pingado que não tinha outra coisa a fazer do que ficar me xingando atrás do banco de reservas. A torcida em si nos apoiou. Perdeu a paciência apenas após o empate com o Grêmio Osasco no quadrangular final, em casa. Pressionar por resultados positivos até faz parte, o que eu desaprovo completamente é hostilizar e ameaçar os jogadores. Isso tira a tranqulidade, dá medo. Quando isso acontece, a chance de sucesso fica cada vez menor. Ninguém consegue jogar sob pressão, nem os times grandes.

Gazeta - Você tinha esperança no acesso na última rodada?
Betão - A gente sabia que o Juventus não perderia a chance de subir em casa e contra o desclassificado Grêmio Osasco. Enfrentamos o Votuporanguense no intuito de fazer a nossa parte e vencer, mesmo jogando em Votuporanga. Mas quando o Juventus abriu 3 a 0 no 1º tempo, o clima no nosso vestiário no intervalo era fúnebre. Os jogadores não tinham nem força para retornar para o segundo tempo. O próprio Votuporanguense foi legal com a gente. Quando fez 2 a 0, tirou completamente o pé. Eles sabiam que a Inter não tinha mais chances de nada e nos respeitaram. Eu não via a hora do apito final.

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